ANTES HEGEMÔNICA EM MOSSORÓ, FAMÍLIA ROSADO PERDE CARGOS E ENTRA EM DECLÍNIO


Uma das famílias mais tradicionais da política potiguar – que por muito tempo foi hegemônica na 2ª maior cidade do Rio Grande do Norte (Mossoró) e teve prestígio em todo o Estado – está em declínio. Depois de ocupar, ao longo de sete décadas, os principais espaços políticos do Estado, os Rosado vivem agora um dos piores momentos de sua trajetória na vida pública. Após anos a fio como uma das principais oligarquias do Estado, a família pode sucumbir ao ostracismo, considerando os resultados eleitorais recentes. 

O grupo político, que já chegou a comandar o Governo do Estado entre 2011 e 2014 (com Rosalba Ciarlini) e em 1951 (com Dix-Sept Rosado), e que já consagrou deputados e senadores, além de diversos mandatos de prefeito, hoje se contenta apenas com um mandato na Câmara Municipal de Mossoró. O mais recente baque na família foi a perda do mandato do deputado federal Beto Rosado (PP). Nesta semana, após meses de impasse jurídico, a Justiça Eleitoral totalizou novamente os votos da eleição de 2018 e mudou a composição da bancada potiguar no Congresso Nacional. Saiu Beto – um dos Rosado – e vai entrar Fernando Mineiro (PT), que já foi inclusive diplomado. 

Com isso, o último cargo de expressão que ainda pertencia à família não existe mais. Em 2020, o grupo já tinha perdido a Prefeitura de Mossoró. A então prefeita Rosalba Ciarlini Rosado (PP), tia de Beto, não conseguiu a reeleição. Foi derrotada na disputa municipal por Allyson Bezerra (Solidariedade), que não tinha apoio de nenhum figurão da política potiguar. Resta à família, atualmente, apenas um mandato: o da vereadora Larissa Rosado (PSDB), que ocupa o cargo na Câmara Municipal de Mossoró, cidade que foi governada por Rosalba em quatro oportunidades.

 Se ela tivesse sido eleita, teria ido para o quinto mandato. Momento de glória e queda. 

O momento atual nem de longe lembra as fases gloriosas da família na política. A própria Rosalba Ciarlini, que no ano passado sequer conseguiu vencer a disputa municipal em seu próprio reduto, chegou a ser eleita senadora em 2010 e, quatro anos depois, conquistou o Governo do Estado. Na época, ela ainda colhia os frutos da popularidade obtida nos três mandatos anteriores como prefeita de Mossoró. Além de Rosalba senadora, a família Rosado chegou a eleger naquele ano de 2010 dois deputados federais de uma só vez: Betinho Rosado (pai de Beto) e Sandra Rosado. Era o auge do grupo político – que na Assembleia Legislativa tinha ainda Larissa Rosado e Leonardo Nogueira (marido de Fafá Rosado). Antes, teve nomes como Betinho, Laíre e Ruth ocupando postos na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa. 

O marido de Rosalba, Carlos Augusto Rosado, também foi deputado estadual, e Vingt Rosado foi deputado federal para a elaboração da Constituição de 1988. 

O jornalista Bruno Barreto, que acompanha e pesquisa a política mossoroense e a trajetória da família Rosado na política, lembra que, nos últimos 72 anos, a contar do mandato conquistado por Dix-Sept Rosado em 1948, a Prefeitura de Mossoró quando não esteve nas mãos de um Rosado esteve com um indicado deles. O ciclo foi encerrado em 2020 com a vitória de Allyson. Antes disso, a única exceção tinha sido Antônio Rodrigues de Carvalho, em 1968. “Os Rosado perdem uma eleição para a Prefeitura de Mossoró pela segunda vez em 72 anos. Isso acontece num momento em que eles estão totalmente unificados, como ocorria até meados dos anos 1980”, registra Barreto em seu blog. “A reunificação se deu pela hegemonia de uma ala sobre outra. Quando se enfrentavam entre si, a ala rosalbista teve predominância sobre a sandrista. Em sete eleições só perderam uma, em 1992, num contexto em que Dix-huit ainda era o maior eleitor da cidade”, enfatiza. Ele continua: “A força do rosalbismo aniquilou o sandrismo de tal forma que a união se consolidou em 2016. Em 2020, a ex-prefeita Fafá Rosado que estava escanteada da política também apoiou Rosalba. 

Os Rosado caíram juntos dez anos após o seu apogeu.” Próximos eleições podem selar fim da hegemonia rosadista, diz jornalista Bruno Barreto acrescenta que, quando separados, os Rosado tiveram dois deputados federais (Sandra e Betinho), chegaram a ocupar três cadeiras na Assembleia Legislativa (em 1998, com a eleição ao mesmo tempo de Frederico Rosado, Sandra Rosado e Ruth Ciarlini) e chegaram ao Governo do Estado e Senado (duas vezes cada, com Rosalba e Dix-Huit Rosado). “A família Rosado pode estar trilhando um caminho irreversível. 

A união das duas principais alas permitiu o surgimento de novas lideranças. Em 2016, foi Tião Couto, que não se consolidou. Em 2018, as novidades foram Allyson Bezerra e Isolda Dantas, eleitos deputados estaduais. A decadência política dos Rosados está em curso e seguirá com a renovação do eleitorado. Mas há meios para a reversão ainda que dependam bastante de um mau desempenho do futuro prefeito”, ressalta. “Os Rosado foram derrotados, estão politicamente na UTI e os aparelhos em que respiram politicamente estão sustentados em dois mandatos. As duas próximas eleições (2022 e 2024) podem selar o fim da hegemonia rosadista na política mossoroense”, concluiu.

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